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Emilia e o visconde não ficaram atrás. Eram geitosos. Restava Rabicó.

— Vái começar a encrenca! disse Narizinho quando chegou a hora do ilustre marquês.

Assim foi, de fato. A dificuldade começou com aquele negocio de Rabicó ter quatro pernas, em vez de duas, como todas as criaturas decentes — os homens, as galinhas, as escadas. Rabicó tinha duas pernas mais que os outros, inutilissimas pernas, porque se uma criatura póde viver muito bem com duas, ter quatro é ter pernas demais.

— Se eu tivesse aqui cloroformio e instrumentos cirurgicos, fazia uma operação em Rabicó, transformando-o em bipede. Não deixa de ser uma vergonha um quadrupede em nosso bando, disse Pedrinho.

Seguramente uma hora foi gasta naquilo de amarrar quatro pernas de páu nas perninhas do leitão e faze-lo equilibrar-se sobre os espéques. Bem que ele esperneou, e gritou, como se o estivessem matando com uma faca de ponta bem pontuda. Atraída pelos seus gritos, tia Nastacia apareceu na porta da cozinha para ver o que era — e quasi desmaiou de susto vendo o bandinho lá em cima, pernejando pernilongalmente pelo terreiro.

— Corra, sinhá, gritou ela para dentro. Venha ver o “félomeno” que aconteceu com a criançada. Está tudo pernilongo!...

Dona Benta apareceu á janela e assombrou-se da habilidade com que seus netos corriam e brinca

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