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— Fugiram, os covardes! uivou com os olhos chispantes de colera o onço viuvo. Alguem os avisou e eles fugiram...

Nisto uma cuspidinha da Emilia caíu-lhe bem no focinho. O onço olhou para cima e sorriu, lambendo os beiços.

— O nosso “almoço” não fugiu, não! exclamou, contentissimo. Lá estão todos os pratos, cada qual em cima de dois espetos.

Toda a bicharia olhou para cima, com agua na boca. Não tinham comido na vespera, o apetite era forte e viram que iam ter uma bela variedade de petiscos — um menino, duas meninas, um leitão, uma boneca, uma velha branca e uma velha preta. Otimo!

— Isto nem é almoço! observou uma irára. Vái ser banquete dos bons...

Mas como alcançar os pernaltas? O onço viuvo, que era o mais forte do bando, experimentou o pulo. Deu quatro ou cinco pulos formidaveis, os maiores da sua vida — mas inutilmente. Os espetos tinham quatro metros de altura e os seus pulos não iam acima de tres metros e noventa e cinco centimetros.

— Com pulo não vái, disse ele. Precisamos inventar outra coisa. Que ha de ser?

— Tenho uma idéa, latiu um cachorro do mato de talento. Eles não pódem ficar lá no alto toda a vida.

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