cial, muito sério mesmo, e não havia remedio senão pedir socorro á gente grande. Pelo menos dona Benta tinha de ser avisada. O sitio, afinal de contas, era dela; o rinoceronte invadira a sua propriedade — natural pois que, como dona, resolvesse o caso. E ficou decidido darem parte a dona Benta do extraordinario acontecimento.
Mas como descer da arvore com aquele perigo chifrudo em baixo? O rinoceronte havia-se posto de pé, embora sem mostrar intenção nenhuma de afastar-se dali. Tosava as copas dos arbustos vizinhos e mascava as folhas com um sossego infinito.
Quem salvou a situação foi a boneca.
— Tenho cá no meu bolsinho do avental uma isca do pó de pirlimpimpim. Se não perdeu a força, poderá levar-nos até em casa.
Pedrinho arregalou o olho. Pó de pirlimpimpim no bolso da Emilia! Como isso? Será que a boneca virara gatuna?
— Não furtei coisa nenhuma, protestou Emilia percebendo na cara de Pedrinho a desconfiança. Não sou nenhuma ladrona, fique sabendo.
— Como então obteve esse pó?
— Muito simplesmente. Quando fomos ao País das Fabulas e você deu a pitada que eu devia tomar, tomei só meia pitada. O resto guardei no meu bolsinho para o que désse e viesse. Chegou agora a ocasião.
Foi uma grande alegria. Graças á previdencia da boneca, iam todos salvar-se daqueles apuros. Mas no bolso da Emilia só se encontrava meia pitada. Di-
85