De fato, a fresta dava para o vão subterrâneo de uma escada onde o bodegueiro havia construído a cava dos vinhos. Enfiando o olhar pela abertura, o advogado pôde ver e ouvir distintamente o que passava no interior.
Na estreita área ladrilhada, que formava o fundo da adega, estavam dois homens sentados em face de um e outro lado da quartola, cujo tampo lhes servia de mesa; outros barrilotes deitados faziam as vezes de tamboretes.
A candeia, colocada sobre um tijolo saliente da parede, projetava a luz de chapa sobre o meio perfil dos dois companheiros.
Um deles era um negro, moço e robusto, cuja tez escura refletia os raios da luz, como o lustro do jacarandá polido. Tinha a feição comprimida peculiar à sua raça: o olhar pesado e torvo; nos lábios grossos, o sorriso carnal da animalidade africana. Com os cotovelos apoiados sobre o arco da quartola acompanhava os movimentos do outro.
Era esse o taverneiro, o Brás Judengo, como o chamava o vulgo; homem de estatura meã, entre gordo e magro, de cabelo preto corrido e barba ruiva encarapinhada; espécie de ecletismo vivo no