Esse mote do alferes era uma travessura inocente de Fr. Carlos da Luz, confessor da casa. Na dúbia significação daquela palavra latina tinha ele reunido as duas faces mais salientes do caráter de fidalgo: aere, fortaleza de bronze; oere, cupidez de moeda.
D. Diogo continuou a traduzir as divisas mais engenhosas dos diversos cavaleiros; esse doce entretenimento distraía seu espírito das graves preocupações que lhe trouxeram os importantes despachos chegados do reino naquela manhã.
Seu orgulho sofrera com a separação do governo do Sul; mas para não dar aos inimigos e sobretudo ao partido dos jesuítas o prazer de se regozijarem com sua mortificação, o fidalgo como hábil político tinha o semblante tão prazenteiro e risonho, que não parecia o mesmo homem de aspecto frio e severo.
Inesita já não prestava atenção a D. Diogo; tendo sabido o que desejava, seus olhos foram-se presos no semblante do moço e o espírito começou a revoar como falena ou silfo em torno das palavras escritas no escudo do cavaleiro.
Tênue sombra de melancolia anuviara o rosto mimoso; a frase entusiasta que Estácio pedira ao poeta para exprimir a energia de seu amor e a nobre ambição