No meio dos generosos sentimentos que despertara a imprevista declaração de Cristóvão, havia três homens que se conservavam frios e impassíveis: eram os juízes. Compenetrados dos deveres de sua posição, tão severos e rigorosos em pontos de honra, como se tratassem de decidir da vida e fazenda alheia, consultavam sobre o caso; uma decisão injusta nesse objeto os infamaria tanto, como a suspeita de suborno em uma causa importante.
Os jogos militares daquele tempo tinham no meio da aparente futilidade um pensamento sério e de longo alcance; serviam de exemplo e escola à mocidade, que se amestrava para as verdadeiras lutas, e bem cedo adquiria esforço e brios. Eram estímulo para nutrir na população o espírito guerreiro necessário em épocas de conquista. Por isso os reis e governadores os tinham em tanto apreço.
Explicada a troca que se dera entre os combatentes, os três juízes dividiram-se nas opiniões: Álvaro de Carvalho entendeu que o prêmio era de Estácio, pois o caso nada influía na decisão; Baltasar Ferraz porém foi de voto que o fato da troca do lugar, sendo uma irregularidade, anulava o ato posterior; e citou imediatamente boa cópia de textos latinos para confirmar seu parecer.