ardia lentamente fazendo grande fumaceira.
A casa do licenciado era a segunda; pouca diferença tinha das outras. Baixa, com duas gelosias e uma porta, paredes caiadas de branco e beiradas saídas, o edifício dava perfeita ideia da arquitetura do tempo. Ao lado esquerdo via-se o quintal coberto de mamona e beldros, com touças de bananeiras; encostados ao oitão, o galinheiro, e uma espécie de horto onde cresciam alguns pés de arruda, hortelã, manjericão e perpétuas.
Uma velhinha com saia de ganga amarela e manta escura de rebuço, que lhe cobria a cabeça como um capuz de freira, de volta da missa entrara no poleiro, e fizera uma revolução; as frangas cacarejavam, os galos batiam as asas, os pintos pipilavam, quando felizmente para o povo galináceo o licenciado chegou a casa.
Apesar de serem nove horas do dia, a porta exterior estava fechada, como se usava então, que não se tinha inventado a polícia, e cada um era obrigado a velar na segurança própria; Vaz Caminha chegou ao canto da casa, e erguendo-se nas pontas dos pés para ver por sobre a cerca do quintal, chamou a caseira.