quereis, falai, que vos presto atenção, e se não, fazei como vos aprouver.
Durante isto, o licenciado sentava-se ao bufete arregaçando as mangas, escorria no canjirão o resto de vinho do odre pendurado por detrás de uma das estantes, e começava seu parco almoço. Estácio de pé encostado ao telônio deixava que ele satisfizesse o apetite para começar.
— Então? disse Vaz Caminha erguendo os olhos.
— Não é coisa de grande monta, replicou Estácio. Ontem pedi à tia o cofre que me deixou minha mãe quando faleceu, para tirar algumas dobras guardadas numa bolsa, e deparou-me o acaso com um papel do qual nunca tive notícia. Talvez me possais explicar o sentido.
— De qual papel falais?
— De uma carta escrita a minha mãe, há cerca de quatro anos. Por sinal que ainda se achava selada, disse o moço tirando do seio do gibão um papel dobrado e já amarelento.
— Lede essa carta.
Estácio desdobrou o papel e leu: