Desde então principiou um hábito que ele ainda conservava na ocasião em que o encontramos; todos os dias ao raiar da alvorada saía de casa, e no seu passeio matutino dirigia-se ao Largo da Sé, de onde se descortinava toda a baía. Ali ficava cerca de uma hora com os olhos engolfados no horizonte a ver se enfim surgia o galeão, em que vinha a desejada Relação.
Ora, esse galeão partira em meado de 1588 de Lisboa, tendo a seu bordo o Governador Francisco Giraldes donatário dos Ilhéus, e os desembargadores nomeados para instalarem o novo tribunal; sucedendo arribar duas vezes, os passageiros tomaram isso como aviso do céu e deixaram-se ficar em Portugal.
Nem mais novas houve da Relação. Vaz Caminha resignou-se e continuou a magra advocacia que pouco mais lhe rendia que em Arraiolos; então lembrando-se de algumas lições de cravo que tomara em sua mocidade, aceitou o lugar de organista da Sé, o que lhe deixava no fim do ano algumas patacas.
A gente que se ocupa da vida alheia chamava-o de avarento; mas ignorava que sublimes sentimentos ocultava aquela restrita economia: não