segredo, e lhes manda às vezes uma doce consolação na terra, ou lhes guarda um prêmio no céu.

Para o licenciado essa consolação fora um menino.

Três anos depois que chegara à Bahia, em 1590, conheceu Robério Dias, o célebre possuidor do segredo das minas de prata. Corria que voltava da Espanha descontente, porque Filipe II lhe recusara o título de Marquês das Minas, que pedira como prêmio da descoberta, e o nomeara apenas administrador. Viera ele esperar na cidade do Salvador o novo Governador-Geral D. Francisco de Sousa, aproveitando o ensejo para passar algum tempo com sua mulher, de quem andava ausente havia bom par de anos.

Robério sofrera uma grande decepção e era infeliz; não há laço que mais prenda e solde duas almas do que a desgraça; tendo necessidade de consultar o advogado para deixar os seus negócios em boa ordem, achou nele um conselheiro, que breve tornou-se amigo; estabeleceu-se a intimidade, a tal ponto que, partindo para o sertão com o governador, Robério, a quem um pressentimento cerrava o coração, abriu-se completamente com Vaz Caminha e deixou-lhe o cuidado de velar sobre sua mulher e o filho que ela ainda trazia no ventre.