— Tudo isso, P. Soares? exclamou o assistente em cujo rosto pintou-se o pavor que lhe inspirava semelhante leitura.

O cronista sorriu:

— O texto é pequeno e escrito em bastardinho; o que avultam são as notas, e estas V. Reverência consultará depois.

— Contudo, não será melhor amanhã?

— Amanhã?... Ninguém sabe o que pode acontecer.

— Está bem, leia, P. Soares, disse o assistente recostando-se no espaldar da poltrona.

A imparcialidade de historiador nos põe o dever de protestar contra a injusta prevenção do respeitável capítulo sobre a prosa do Reverendo Manuel Soares.

O ilustre cronista da Província do Brasil, como Cervantes, havia pressentido já no século XVII a invenção da escola romântica, à qual deve a literatura moderna tantos primores e maiores extravagâncias literárias. A sua narrativa tinha a forma dramática do poema antigo e a simplicidade do conto da Média Idade. O estilo chão e fluente desmerecia talvez pela falta do nervo e concisão da frase,