beira da mata; e ainda essa parecia luxo; sua verdadeira moradia continuou a ser a floresta, onde cada árvore lhe dava abrigo durante a noite.
Por esse tempo, Cristóvão, cinco anos mais moço do que o seu colaço, já se afoitava a travessuras maiores de sua idade, e frequentes vezes acompanhava o caiporinha nas excursões pelo mato.
Quando sucedia separarem-se no escuro da floresta, o menino sentia-se tomado de um estranho pavor; para animá-lo e indicar-lhe o seu ponto, tinha o João um modo de assobiar mui particular, e de tal força que atravessava os rumores da mata sem confundir-se neles.
O costume fez que este assobio se tornasse com o tempo um sinal de aviso em todos os incidentes de sua vida comum. Queria João comunicar a Cristóvão alguma caçada de jacus, a que pretendia ir à boca da noite? Assobiava de longe; e o seu colaço fazia uma escapula de casa para vir falar-lhe. Carecia Cristóvão do companheiro alguma vez para irem-se de camarada ao banho ou ao passeio? Não tinha mais do que pôr-se ao vento da palhoça e soltar o assobio: João com pouco ali estava rente.