Tomando seu ar grave e solene das grandes ocasiões, Bartolomeu Pires começou a narrar em voz de cantochão a cena, que passara por causa da distribuição do primeiro preço, e na qual ele representara o importante papel de pregoeiro.
Mal tinha concluído o exórdio, quando a tia Eufrásia, que o escutava com atenção religiosa, descrevendo uma elipse, veio-lhe de encontro ao abdome volumoso e proeminente que repercutiu como um adufe.
— Jesus! Valei-me!...
O mestre de capela acompanhou este grito da matrona com um grunhido surdo, arrancado pela dor que sentira e o obrigara a dobrar a respeitável corpulência.
O acidente desagradável, que atalhara de um modo tão desastroso a eloquência de mestre Bartolomeu, era produzido por uma revolução súbita que se operava na multidão. Em meio da praça fora ouvido um clamor; de repente um torvelinho de homens, deslocando as massas de povo, precipitou para as extremidades, esmagando quanto se opunha à sua passagem.
O coro de lamentações e gemidos, o choro do mulherio que se encomendava a todos os