fluxo e refluxo da multidão, os atraíram ao lugar do conflito.
O primeiro cuidado dos cavalheiros foi livrar das mãos de Anselmo a rapariga que parecia causa e vítima da briga. Ela tinha desmaiado com o susto que sofrera; apenas livre cobrou os espíritos, e Cristóvão reconheceu, apesar das vestes rotas e ensanguentadas, o rostinho brejeiro e petulante da princesa moura, não alindado como há pouco, senão pálido, amortecido e velado pelos cabelos em desordem.
— Então, formosa princesa, disse o moço sorrindo, não te contentas que senhores e cavalheiros justem por tua beleza, e ainda vens dar torneio na praça pública?
— Por minha mãe vos juro, senhor cavalheiro, que não é culpa minha, replicou a rapariga abaixando as pálpebras rosadas.
— É minha, aposto! acudiu o mancebo gracejando.
— É de quem Deus perdoe o muito mal que me queria fazer, respondeu a princesa. Como saía do torneio, seguiram-me estes dois que aí vedes, e tanto se travaram de razões, que por fim vieram às últimas. E eu inocente que pague as custas.