Diziam mais que na toalha da menina vinha cosida uma carta na qual se pedia à pessoa que a encontrasse, tivesse dela cuidado até a idade de vinte anos, em que seus pais a reconheceriam, recompensando largamente a alma caridosa que a houvesse recolhido. Daqui tiravam mil comentários; e não faltava quem dissesse que este mistério ocultava um alto nascimento.
É a sorte dos enjeitados darem tema às fábulas fantasiadas pela imaginação popular, sempre disposta a acreditar no maravilhoso. O que havia de certo a respeito de Joaninha era ter sido ela criada pela velha parteira a quem pagava a educação que lhe dera com muito amor e o melhor dos ganhos de sua indústria. A princípio a tia Brites ajudara com seu escasso mealheiro o pequeno negócio; mas em pouco a freguesia tornou-se tão numerosa, as alféloas de Joaninha começaram a ser tão cobiçadas pelas bocas mimosas das meninas baianas, os seus abanos tão desejados pelas fidalgas, o seu gentil sorriso tão admirado pelos cavalheiros, que logo colheu os frutos do seu trabalho. À uma confessavam todos que na cidade do Salvador não havia nem mais feliz, nem mais formosa alfeloeira.