chamou Camões, feiticeiro requebro que os castelhanos dizem melhor com uma só e breve palavra, ojear; esse condão, ninguém o teve jamais, como ela o tinha. Na sua pálpebra rosada, como na fímbria do oriente, fazia-se o dia e a noite; havia ali para a alma de quem a adorava, auroras resplandecentes e suaves crepúsculos.
Se Djezir, o mavioso poeta árabe, a vira sorrir, acreditara que as mais finas pérolas de Ofir rolavam entre cascatas de rubins de Golconda; ou que todas as rosas odoríferas de Gulistan se desfolhavam em cascatas dos lábios da huri mais mimosa do profeta.
Como as princesas encantadas das Mil e Uma Noites, Dulcita esperava o seu príncipe andante. Ele veio a propósito, disfarçado em moço de almocreve. O incógnito por certo pudera ser mais gentil.
Isso foi por uma bela tarde dos últimos dias de abril, tépida e perfumada, como são as tardes da primavera sob o céu da Andaluzia, nos vales ensombrados de laranjeiras em flor. A brisa suspirava a medo, o rio lambia as margens, como lambe o cordeiro os brancos velos da ovelha adormecida. Um rouxinol preludiava a canção