e o acaso que a furtou ao meu desejo e incessante esforço.
“Longo trato de dias e semanas corri após essa ardente esperança de encontrá-la. Quantas vezes cruzei os mares onde ela me aparecera primeiro, e quantas o caminho onde último a admirara de perto. Passei e repassei por baixo da janela, em que lograra um rápido instante a sua vista. Mas tudo debalde. Tanta decepção afinal irritou meu brio, mestre; jurei em minha alma que a havia de ver um olhar sequer, ainda quando esse olhar devesse custar-me a vida, três vezes já sobejo da morte.
“À hora dessa jura, que foi a da alvorada, tomei caminho de sua casa de Nazaré. Fronteiro ao balcão da janela há um coqueiro; encostei-me aí com os olhos pregados nas gelosias douradas, e o pensamento enleado nos modos de a ver. Batia-me o coração que ela estava ali naquela recâmera, onde me mostrara antes regando suas flores; e de a sentir tão perto d'alma, quanto mais longe dos olhos, o desejo se acendia em mim.
“As horas vieram umas após outras, trazendo-me o desânimo, pelas esperanças que me arrebatavam