se. Entre a luz dos relâmpagos vi deslumbrado a imagem de Inês. Pareceu que o céu se fendera para mostrar-me o seu anjo mais puro no seio da glória, nadando em luz. Fora acaso essa aparição, ou propósito, não o podia eu saber. Acreditei que Deus a enviava a mim, e desta vez para salvar-me, como vereis.
“Voltava já, mas com um andar lento, que me não roubasse de repente a janela da vista, quando a nuvem rasgou-se, e um raio listrando fogo, correu pelo tronco do coqueiro e embebeu-se na terra, que ainda conservava os vestígios de meus passos. Uma grande alegria se derramou dentro em mim com a luz desse raio. A fatalidade fora vencida. Inês já não podia ser funesta ao meu destino, pois era ela quem acabava de salvar-me, aparecendo ao balcão, para que eu me partisse.
“Desde então nunca mais a vi, senão foi ontem, embora, sempre que passava por sua casa e olhava as gelosias, era como se a tivera ali própria e viva diante de meus olhos. Minha alma sentia-se perto dela; e sabia, por um estremecimento íntimo, quando comunicava com a sua por um olhar invisível coado entre as frestas