de ter este surpreendido o segredo do amor de sua irmã. A tristeza de Estácio era a dúvida de ser amado e o receio de que fosse D. Fernando o preferido; era enfim o pânico do coração aterrado ante a perda da felicidade sonhada.
Até aí o ocorrido; faltava o mais difícil, o que devia ela fazer para sossego do desconsolado amante. Cheia da mesma confiança com que partira, entregou-se ao azar e à sua natural malícia. Tirando da bolsa uma moeda, com ela bateu à porta.
Eram dez horas passadas.
Na casa de jantar estava àquela hora D. Ismênia de Aguilar, mãe de Inesita, cercada de muitas escravas, que bordavam e faziam rendas e costuras sobre um estrado coberto de rás. A senhora, tomada de uma paralisia, estava sentada em poltrona de couro à guisa de palanquim, com braços que serviam para transportá-la. Sua fisionomia, que era naturalmente risonha apesar da moléstia, estava nesse dia sisuda e desprazível.
Junto dela, sua formosa filha bordava em um pequeno tear de marfim uma faixa de seda azul; no modo por que o fazia, e no semblante que