A menina saltou como um passarinho; num fechar d'olhos cortou com a tesoura de costura o cacho de uvas, alegre de se ver quite por tal preço. Pobrezinha! Ainda tremia do susto que passara!...
— Aqui o tem!
O rapazito estendeu a mão.
— Mão para lá, mão para cá. Minhas agulhas?...
— Uma só; a outra quando vier o resto.
— Pois tome-lo já!
Não se fez rogar o muchacho; saltando no pomar, pregou dois beijos em cada mão e três em cada face da menina. Depois sentado no chão debulhou o cacho de uvas, enquanto Dulcita ainda vermelha como uma cereja, recuperava o tempo perdido trançando as malhas do véu.
De vez em quando a menina distraía-se a olhar o rosto de querubim do pequeno recoveiro, e nesses momentos suspirava. Quanto ao rapaz, erguia também os olhos, mas para comparar o cacho de uvas que devorava, com os outros que pendiam das parreiras.
— Como se chama você, cavalheiro? perguntou a menina.
— Vilarzito.