mas com galanteria. Nenhum cavalheiro enamorado e bem disposto como Velasco, se apontoava com mais alinho e garridice nem com mais finas galas para mostrar-se à sua dama, do que ele para a caçada, que era no fim de contas sua amante. Se as urzes rasgavam-lhe as sedas, se os ramos amarrotavam-lhe as roupas ou a neve as manchava, ele dizia rindo: “Foram as unhadas, os abraços e o choro da minha dama”.
Mas não há felicidade que dure. Desfrutava Lopo de Velasco a sua comenda de Santo Ivo caçando na coutada secular, e fruindo os pingues foros, quando um fidalgo, seu vizinho, que também se metia a caçar, talvez despeitado com a fama do comendador, desfez na sua ciência e na sua pessoa. Tudo suportou ele evangelicamente; e a coisa não passaria disso, se o tal fidalgo não levasse um dia a imprudência a ponto de declarar em uma roda formais palavras: que César era um podão.
César era o primeiro dos cães das matilhas do comendador, e o melhor, no seu dizer, que havia em Portugal e Castela, o que valia dizer no mundo inteiro. Quando tal soube, logo despachou Lopo o seu monteiro ao fidalgo, pedindo-