cobrou os espíritos para devolvê-los logo no divino sorriso que voou dos lábios.

Apoiada ao ombro de Vilarzito, e erguendo-se nas pontas dos pés, a ingênua menina cobriu de beijos ardentes o rosto do amigo. Afinal um desses beijos foi colhido pela boca do moço. Dulcita estremeceu, suspensa ao lábio do amante; e cerrou as pálpebras suspirando.

As duas crianças não sabiam do amor senão o que haviam aprendido nas jácaras e seguidilhas. Amar era para eles uma festa da mocidade, como brincar fora uma festa da infância. Os beijos que se davam mutuamente não passavam de inocente travessura. No momento porém em que os seus lábios se uniram, um tremor súbito abalou-os interiormente, e uma chama intensa coou pelas veias. No meio desse deslumbramento, o santo pudor da inocência espontou no coração como um espinho.

Afastaram-se envergonhados. Dulcita ocultou o rosto na espádua com o gracioso movimento da rola que esconde a cabeça sob a asa para dormir; porém antes, a menina agastada atirara ao rapaz com certa petulância própria das crianças uma palavra dura: