risos donosos, que o enchiam dantes quando a sua bela senhorita o encantava.
O desamparo de sua casa, os gastos de jornada e locandas, junto ao desânimo que o entrara com a desgraça, desarranjaram a vida ao infeliz granjeiro. O já de si escasso mealheiro, esvaziou de todo; minguaram as posses, foi-se a abastança; a miséria faminta e esfarrapada veio sentar à porta espreitando a sua hora de entrar.
Esse arreganho da miséria, de que ela fora a causa inocente, tirou Dulce do egoísmo de sua dor e deixou-lhe ver o sofrimento dos seus. Foi sublime então de coragem e abnegação, como o fora de amor! O trabalho de suas mãos, e mais que ele a força de sua alma salvaram a família da fome, senão da pobreza. No afã de uma lida sem cessar encontrava curtos repousos para sua pena rebelde ao esquecimento; na satisfação de sacrificar-se pelos seus, libava seu coração, o consolo único, dos que o mundo pode dar às grandes dores.
Para mais apurar a fortaleza desta alma, mandou-lhe Deus nova provança; a mãe de Dulce finara-se, consumida pelos desgostos. O vácuo deixado n'alma por um ente querido, nada o enche,