ardente, que lhe fervia no seio, ia farejando no ar alguma aventura.
Como não lha deparasse o acaso, chegou afinal à grande cidade; tendo mercado a vela de cera, andou a cumprir o voto de Dulcita na Catedral. Era dia de grande festividade religiosa; o bispo devia oficiar em pontifical.
Enquanto o rapaz ajoelhado esperava que ardesse a vela no altar, aos pés de Nossa Senhora das Candeias, o povo fora invadindo o vasto recinto da igreja, e a cerimônia começara.
Era a primeira vez que o galopim das estradas se achava em face da majestade divina, revestida da pompa e esplendor do catolicismo. O espetáculo grandioso impressionou aquela imaginação vivaz. Ela ficou absorta no meio da harmonia grave do órgão concertando com as litanias sagradas, dos luminosos vapores do incenso que nublavam as imagens divinas e o venerando busto dos levitas cristãos, dando à cena aparências de visão.
De repente fez-se um grande silêncio: a fronte calva do pregador assomou no púlpito; a voz possante ainda, embora trêmula, encheu o vasto âmbito do templo. Sobre a multidão curva e respeitosa,