mesmo dar-lhe senhas do respeito, que nessa época se guardava aos ministros da religião, não recuou também. Assim ficaram medindo-se no limiar da estreita porta.
Por fim o moço, impaciente, estendeu a mão para abrir passagem:
— Fazei-me a mercê de arredar-vos, reverendo. Vou-me apressado!
O religioso ficou imóvel; com um gesto lento e soberbo desviou a mão do moço que lhe roçara o ombro:
— Mais respeito, mancebo! Não mancheis com vossa mão profana este santo hábito!
— Sabeis a quem falais, padre?... Sou fidalgo da casa de El-Rei, e vou em seu real serviço! Deixai-me passar!
O frade sorriu:
— São vossos títulos esses? Pois se vós sois fidalgo do rei, eu sou ministro daquele que tem em sua mão os reis da terra. A majestade que servis, já a tive eu de joelhos a estes pés. Bem vedes que a precedência me compete.
E arredando o cavalheiro, o frade passou altivo e sobranceiro.
Vilarzito não perdeu uma palavra do curto diálogo;