todas devorou-as o rapazito com ardente curiosidade. Ele tinha a memória de César, Cromwell e Napoleão; o que uma vez penetrava em seu espírito, aí ficava gravado como relevo no mármore.
Durou dois anos o noviciado de Vilarzito; ao cabo deles professou no primeiro voto. Cursou como escolar todas as aulas da estudaria com tal aproveitamento, que admirou os mais sabedores dos mestres que liam na casa de Lisboa. Aprovado cum laude em todas as matérias, passou a coadjutor, tendo já ganho a fama de primeiro humanista do pátio, com que de dia em dia mais se avantajava em tão verdes anos.
Rastejava ele pelos vinte e cinco, se incluirmos o acréscimo de quatro, que fizera por sua conta entrando para o noviciado. Sua astúcia pressentira desde logo quanto a velhice era para o comum dos homens certo abono de saber, prudência e siso; por isso foi tratando de adiantar-se em anos no livro dos assentamentos. Mais tarde, quando cursou as aulas de anatomia e química, a ciência lhe revelou segredos, que hábil e cautamente explorados, serviram para desbotar o viço da juventude.