“Três meses levou o esposo enganado a restabelecer-se; três meses durou a felicidade dos dois amantes. Eles não tinham outro confidente mais que a treva da noite; a desoras uma escada de corda descia do balcão; um vulto subia ligeiro como sombra fugace; a janela cerrava-se e o anjo dos puros amores batia as asas e voava ao céu gemendo.

“Uma noite o cavalheiro não viu descer a escada, e ficou até a madrugada imóvel, olhando o balcão solitário. Outra noite, e outra, e outra, e muitas mais seguiram pelo mesmo teor. Era já passado cerca de um mês, quando ausentando-se o marido, ele tornou a penetrar ainda uma vez na câmera nupcial profanada. Vinha taciturno e sombrio; esteve muito tempo de pé sem proferir palavra, nem levantar os olhos. Afinal arrancou do seio a voz angustiada e ao mesmo tempo o punhal da bainha:

“— Mulher, tu vais morrer. Cumpra-se o juramento, que traíste. Serás minha na morte, já que o não podes mais ser em vida! Este punhal nos reunirá no céu!...

“A amante pôs nele os olhos serenos e doces:

“— E nosso filho?...