cheia de garrafas e copos; correu a primeira saúde a D. José, a segunda ao Capitão Afonso, depois a todos os presentes, às damas, ao amor, à folia e ao jogo. Enfim D. Fernando impaciente, conseguiu arrancar o alferes à tentação; e embuçando-se ambos, saíram à rua pela taberna do mestre Brás.

Os dois amigos caminhavam a par e par sem dizer palavra; o alferes logo que pisara a calçada inquirira do motivo que trouxera D. Fernando à sua busca:

— Em chegando a casa, já agora!

D. José não replicara e encolhendo os ombros continuou a andar, ruminando em seu cérebro esquentado jogo, vinho, amor, tudo de mistura; bem se via que estava de mau humor, pelo ímpeto com que esticava o bigode a ponto de arrancar os pelos. Ao descer a Ladeira da Palma, lobrigou ele que se espremia pela fresta da porta do judeu um vulto, o qual logo que pôs pé na rua, nivelou-se com a parede, de modo a não roçar nem de leve no cavalheiro. O alferes porém não perdeu essa ocasião de descarregar uma pouca da sua raiva; a mão foi direito à gorja do encolhido e o arrancou da parede de um safanão.