— Atendei. D. Francisco de Sousa, o mesmo que veio com vosso pai trazendo prometido o título de marquês, vem agora provido no governo do Sul, para esse efeito separado, quando há anos o uniam para dá-lo ao mesmo. São já conhecidos os extraordinários poderes que traz, nunca até aqui transmitidos a nenhum outro. Essa notícia, que vos há de lembrar, chegou pouco depois que me mostrastes a carta de D. Diogo; foi o primeiro vento que me veio. No mesmo navio sabeis que chegou um padre das Espanhas.

— O P. Gusmão de Molina, que hoje pregou no Colégio?

— Vistes que homem de engenho é, e podeis avaliar do que não será capaz! Mas uma coisa ignorais, porque ainda sois moço e apenas entrado no mundo. Não há neste século em canto algum da terra empresa grande que a Companhia não cometa ousadamente; nem segredo oculto que ela não fareje. É terrível poder, Estácio, que se insinua por toda a parte, pelos palácios e choupanas, como pelas consciências. Se El-Rei soube da existência do roteiro e mandou para esse fim D. Francisco de Sousa, quase posso assegurar que os jesuítas o souberam.