lucro, ou esperança dele ao menos obtinha do ruim negro. Lucas era de uma fidelidade a toda prova, que só podia ser excedida pela sua discrição.
Desde porém que o africano se convenceu da funesta influência que tinha sobre a senhora e ele o tesouro enterrado no oratório, à primeira apalpadela do Brás vazou o segredo. O taberneiro rosnou de contente, como o rafeiro faminto que descobriu um bom osso a roer; o prazer entanto foi aguado pela recusa de Lucas em declarar o lugar certo onde estava o dinheiro escondido. De feito, o bruto humano receava que o Brás e sua gente penetrando na casa, ofendessem sua senhora; e recuara do seu propósito.
Por muito tempo batalhou o Brás com ele para lhe arrancar o resto do segredo; mas o negro era impenetrável. Ele ruminava o meio de levar ao cabo o seu intento, sem o menor susto para Dulce e sem a menor suspeita de cumplicidade, quando um inocente rato o inspirou. Estava Lucas banzando no terreiro, junto ao oitão de casa; acertou o rato de atravessar por diante dele, e ganhar o buraco aberto no alicerce da parede.