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O CASAMENTO DO NARIZINHO

— E' verdade! Mas isso é coisa dum minuto, respondeu a menina, atando um laço de fita na caudinha encaracolada do marquez.

— Só faltam agora uns brincos, lembrou Pedrinho, tirando do bolso dois amendoins com casca. Estalou-os e prendeu-os na ponta de cada orelha do leitão. Depois disse, de cara feia:

— Não me vá comer os brincos, senhor marquez, senão já sabe o que acontece — e apontou para o bodoque.

Nesse momento o doutor Caramujo sahiu d'agua. Trepou a uma pedra e fez com os chifrinhos gesto de que podiam tomar o coche.

As aguas immediatamente se abriram, como no Mar Vermelho quando os hebreus chegaram perseguidos pelos egypcios. Tomando a frente, Narizinho desceu ao fundo, seguida de todos os mais. Entraram no coche. Contaram-se. Faltava o marquez!

— Sempre se espera pela peor figura! resmungou Pedrinho, já meio aborrecido. Porque será que elle não apparece?

Nisto a cabeça do doutor Caramujo surgiu á janellinha.

— O senhor marquez não quer entrar! murmurou elle muito afflicto.

— Eu não disse? exclamou Pedrinho encolerizado. Rabicó já começa a encrencar! Mas esperem ahi... e saltou do coche de bodoque em punho.

Emilia teve um começo de faniquito, sendo preciso que Narizinho lhe esfregasse no nariz uma folhinha de herva cidreira.

Segundos depois Rabicó entrava para a carruagem feito uma bala, indo encorujar-se aos pés da menina. Emilia olhou para elle e ficou furiosa.

— Veja, Narizinho! Rabicó já perdeu o brinco da orelha direita! E olhe como está todo amarrotado o laço de fita...