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O CASAMENTO DO NARIZINHO

E sem esperar a resposta dos outros, berrou para o camarão cocheiro:

— Chegue já, sêo coisa, senão vae pelotada!...

O Camarão cocheiro, não discutiu. Puxou as redeas e parou bem defronte do palacio real.


IV — A CHEGADA


Rodeado de toda côrte e de enorme multidão de povo do mar, veio o principe receber a menina. Assim que ella deixou o coche todos bateram palmas, deram vivas e soltaram vagalumes d'agua — que eram os foguetes lá delles.

O principe abraçou sua noiva, nada podendo dizer de tanta commoção. Beijou-lhe a ponta dos dedos e subiu com ella as escadarias do palacio.

— Deve estar muito cansada, disse afinal, depois de recobrada a voz. Vou leval-a aos aposentos nupciaes, onde tudo é perola e coral.

— Que bonito! exclamou Narizinho. E os outros para onde vão?

— Tenho tambem maravilhosos aposentos para os outros. O visconde irá para o quarto das algas; o marquez, para o quarto dos coraes vermelhos.

Narizinho interrompeu-o com uma risada.

— O senhor principe não conhece o gosto dos meus companheiros. O visconde, que é um sabio, só quer saber de livros. Basta enfial-o numa estante. E para o marquez, nada melhor que um chiqueirinho com tres grandes aboboras do mar dentro.

— E o senhor Pedrinho?

— Esse é deixar solto por ahi, com o bodoque. Não mexam com Pedrinho, que elle damna. Emilia fica commigo.