— Elles são todos muito boa gente, continuou a menina. Vão passar aqui a tarde e garanto que não desarrumam coisa nenhuma. Vóvó pode ficar descansada.
— Mas que idéa, Narizinho, de virar esta casa em jardim zoologico? Onde iremos parar com taes brincadeiras?
— Não deixe, sinhá! interveio a preta. Não abra a porta. E' tanto bicho exquisito que até estou tremendo de medo.
Narizinho deu uma risada.
— Elles não mordem, boba! São creaturinhas civilizadas e de muito boa educação.
A preta não se convenceu.
— Eu sei! disse ella. Uma occasião um caranguejo me ferrou neste dedo que até marca deixou. Não consinta, sinhá! Não deixe entrar em sua casa essa bicharia malvada.
E foi tratando de botar a tranca na porta.
Vendo que a tranca na porta iria estragar todo o seu plano, Pedrinho sahiu pelos fundos, para se entender com o principe, ao qual disse:
— Vóvó e tia Nastacia estão tremendo de medo, sem coragem de abrir a porta. São umas bobas. Pensam que vocês são desses bichos malvados que mordem.
O principe, que esperara uma calorosa recepção por parte de dona Benta, ficou muito resentido.
— Nesse caso prefiro voltar, disse com dignidade. Não me julgo com direito de perturbar o sossego duma tão respeitavel senhora.
— Isso é que não! retorquiu Pedrinho. Já que vieram, teem que entrar, quer as velhas queiram, quer não queiram. Se não puderem entrar pela porta, entrarão pela janella. Esperem ahi...
E foi correndo buscar uma escada.