126
AVENTURAS DO PRINCIPE

pendural-o no varal de roupa para enxugar. Mas não ficou bem pendurado. Deu o vento e cahiu e ficou esquecido num canto por muito tempo. Resultado: deu nelle uma doença exquisita chamada bolor. Ficou todo verdinho, coberto dum pó que sujava o assoalho. Embrulhei-o, então, num folheto velho das Aventuras de Sherlock Holmes, que andava por ahi, e o botei não sei onde. Com certeza já morreu...

— Que horrivel desgraça! exclamou o principe seriamente compungido. Logo que voltar ao reino hei de decretar lucto official por sete dias.

— Qual, não vale a pena, principe! O visconde já andava meio maluco com as suas manias de sabio. Ficou tão scientifico, que ninguem mais o entendia. Só falava em latim, imagine! Logo chega tempo da colheita de milho e arranjo um visconde novo.

— E o senhor marquez?

Narizinho teve receio de contar que fôra Rabicó o ladrão da coroinha do principe. Limitou-se a dizer:

— Estava emmagrecendo tanto que tia Nastacia o botou num chiqueirinho para engordar.

— Muito sympathico o marquez, disse o principe, por amabilidade. Tambem acho muito sympathica a senhora marqueza.

— Eu quero tanto bem á Emilia, explicou Narizinho, que tenho vontade de desmanchar o seu casamento com o marquez para casal-a com o gato Felix. Emilia não foi feliz com esse casamento.

— Porque, se não é indiscreção?

— Os genios não se combinam. Alem disso, Emilia não se casou por amor, como nós. Só por interesse, por causa do titulo. Emilia não é mulher para Rabicó. Merece muito mais. Merece um senhor sacudido e valente como o gato Felix. E' verdade que elle está a serviço da corte?

O principe mostrou-se surprezo.