— "Que todos os pães que comas sejam gostosos como este! e foi andando o seu caminho.
Dalli a pouco a pastora sentiu fome e foi comer o pão que trazia no bolso e viu que tinha virado pedra, e quebrou todos os dentes e morreu...
Mais adeante o pobre encontrou outra pastora e pediu outra esmolinha. A pastora deu-lhe um osso, dizendo:
— "Leve este pão que é muito gostoso.
— "Obrigado, respondeu o pobre, e que todos os pães que comas sejam gostosos como este!
E foi andando. A pastora logo depois sentiu fome e foi comer o pão que estava na sua cestinha e viu que tinha virado osso. Essa pastora não morreu de fome, como a primeira, mas teve de passar a vida inteira feito cachorro, roendo ossos. Tudo que ella pegava para comer virava logo em osso.
O pobre foi andando, andando, andando e encontrou uma terceira pastora. A coitadinha parecia ainda mais pobre do que elle e estava chorando.
— "Porque choras, ó gentil pastora? perguntou o pobre.
— "Choro porque minha madrasta é muito má e me bate todos os dias. Põe-me neste lugar, guardando estes porcos immundos, e não me dá comida, a não ser este pão bolorento e tão azedo que até preciso tapar o nariz para comer.
— "Pois se eu pilhasse esse pão, disse o pobre, dava um pulo de alegria, porque estou morrendo de fome e só encontrei pedras e ossos neste paiz de pastoras.
A triste pastorinha olhou bem para elle e disse:
— "Pois não morrerás de fome. Repartirei comtigo o meu pão bolorento.
E partiu o pão bolorento em dois pedaços e deu o maior para o pobre.
O pobre agradeceu e foi andando, e a pastorinha começou a comer o seu pedaço de pão bolorento. Tapou o nariz e deu a primeira dentada. Mas viu logo que o pão tinha vira-