MONTEIRO LOBATO
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VIII — A VARNHA DE CONDÃO


Durante todo aquelle tempo Pedrinho, Aladino e o Gato de Botas ficaram de parte, conversando sobre valentias. Aladino contava as mil façanhas que fizera com a sua lampada maravilhosa. Pedrinho, não querendo ficar atraz, contava as proezas feitas com o seu famoso bodoque. Por fim chegaram até a brigar.

— Pois appareça aqui um dia, disse Pedrinho, para vermos quem pode mais, se você com sua lampada ou eu com o meu bodoque.

— Eu aposto na minha lampada! disse Aladino.

— E eu aposto no meu bodoque! disse Pedrinho.

— O gato de Botas interveio.

— E eu serei o juiz. Em seguida desafiarei a ambos. Quero ver o que vale mais, se esse bodoque e essa lampada ou as minhas botas de sete leguas!...

Emquanto discutiam e marcavam a data do "péga", um accidente muito grave aconteceu na sala. O pobre visconde dormira em cima do binoculo, tão bem dormido, que, de repente, plaf!... cahiu lá do alto um grande tombo no chão. Cahiu e ficou desacordado. As princezas correram a acudil-o com agua e esfregações pelo corpo. Como, porem, o pobre sabio não voltasse a si, foi uma consternação geral.

— O melhor é virar o visconde nalguma coisa, suggeriu Emilia dirigindo-se a Cinderella. Dê-lhe uma boa varada com a varinha de condão, princeza!

Cinderella, achando boa a idéa, assim fez. Mas antes quiz saber no que havia de virar o visconde. Narizinho achava que deviam viral-o num grande magico de chapeu de cartucho. Rosa Vermelha preferia que o virassem em urso. Venceu afinal a opinião da Emilia, que era a mais pratica.

— Tia Nastacia, disse ella, anda precisando dum pilão-