você. Que pena não ser você grande como o cavallo de Troia!...
— ?
— Para que? E' boa. Para dar um coice de Troia no nariz della.
Nesse ponto Narizinho, que estava escondida a escutar o dialogo, deu uma risada e appareceu.
— Que é isso, Emilia? Parece louca!...
— E' que estou arrumando minhas malas para me mudar desta casa. Não gosto de velhas, nem branca nem preta.
— Ir para onde, boba? Pensa que é só ir sahindo e indo?
— Vou para a casa do Pequeno Pollegar. Daquella vez que Pollegar esteve aqui e lhe dei de presente o pito de barro, elle me disse "Muito obrigado, dona Emilia. Tenho lá uma casa ás suas ordens. Appareça." Chegou o dia. Vou apparecer e ficar morando com elle.
— E você pensa que cabe na casinha do Pequeno Pollegar? Já se esqueceu, boba, que elle é deste tamanhinho?
Emilia poz o dedinho na testa, reflectindo. Afinal cahiu em si e viu que realmente seria uma grande asneira. Se se mudasse para a casa do Pequeno Pollegar teria, sem duvida, de ficar no terreiro e dormir ao relento, com perigo de ser atacada por quanta coruja e morcego existem no mundo. E como tinha medo horrivel de morcegos e corujas, resolveu ficar.
— Nesse caso fico, mas você ha de me dar um vestido novo, de seda, com um laço de fita aqui e um babado deste geito para cá. Dá?
— Dou, diabinha, dou. Mas com uma condição!...
— Qual é?
— Fazer as pazes com a tia Nastacia. A coitada está lá na cozinha chorando de arrependimento de haver ameaçado você com palmadas.