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O CIRCO DE ESCAVALLINHO

voltas pelo picadeiro, naquelle andar socegado dos elephantes grandes e depois começou a caminhar com muito medo em cima das garrafas que Pedrinho collocara de geito.

— Berra, elephante! gritou Pollegar.

O elephante obedeceu e berrou tres vezes com toda a força. Mas berrou numa voz muito parecida com voz de porco. O Maroto, que estava lá fóra tomando conta do circo, assim que ouviu o berro ficou de orelha em pé. Depois entrou por baixo do panno e veio ver o que era. Ao dar com aquelle bicho que nunca tinha visto, poz-se a latir furiosamente e avançou sobre elle de dentes arreganhados.

Tamanho susto levou o elephante que tremeu em cima das garrafas, vindo ao chão. Maroto agarrou-o e sacudiu-o, e tanto o sacudiu que a pelle do elephante rasgou pelo meio deixando escapar de dentro — coin, coin, coin — um animal que ninguem esperava: o senhor marquez de Rabicó!...

Foi um successo! O circo quasi veio abaixo de tanta vaia e gritaria. Pedrinho entrou no picadeiro furioso e cahiu de pontapés no Maroto, emquanto Rabicó fugia a bom fugir para o terreiro.

Para salvar a situação Narizinho entrou nesse momento com um cabo de vassoura com taboleta na ponta, onde se lia em enormes letras vermelhas: INTERVALO.

— Intervallo tem dois LL! gritou o Pequeno Pollegar.

Mas ninguem prestou attenção naquillo. Todos só cuidavam de descer o mais depressa possivel, de medo que as cocadas não chegassem. Tia Nastacia, no seu vestido de seda do tempo do Imperador, descobriu o taboleiro, que estava escondido atraz da sua cadeira, e começou a distribuição.

— Quero uma branca, duas côr de rosa e tres queimadas! foi dizendo o Gato Felix.

Emquanto isso, o Gato de Botas discutia com Pedrinho a respeito do mysterioso desapparecimento do visconde.

— Juro que foi Peter Pan quem o raptou, dizia o gato. Peter Pan é muito reinador e pregador de peças. Veio aqui