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A PENNA DE PAPAGAIO

— Muitos viajantes, continuou a voz, teem visitado esse mundo. Entre elles, os dois irmãos Grimm e um tal Andersen. Estiveram lá muito tempo, viram tudo e contaram tudo direitinho como viram. Foram os Grimm os que primeiro contaram a historia de Cinderella exactinha como foi. Antes, já essa historia corria mundo, mas errada, cheia de mentiras.

— Bem me estava parecendo, reflectiu Pedrinho. Tenho um livro de capa muito feia que conta o caso de Cinderella differente do de Grimm.

— Bote fóra esse livro. Grimm é que está certo.

— Mas o mappa? interrompeu Pedrinho. Pode ficar commigo?

— Pode. Sei de cór todas as terras. Mas não o perca, que é o unico que existe.

— Fique descansado, disse o menino guardando o mappa no bolso. Resta agora saber qual o meio de lá ir.

— Não se preoccupe com isso. Tenho geito para tudo. Guiarei você.

— E quando?

— Quando quizer. Amanhã por exemplo.

— Pois muito bem, concluiu Pedrinho. Partiremos amanhã. Estarei neste ponto com a minha prima bem de madrugada. Está combinado?

— Cocoricocó! foi a resposta da mysteriosa voz, que dalli por deante emmudeceu — signal de que o dono della se retirara.

Pedrinho ficou no mesmo lugar um tempo, pensando, pensando. Lembrou-se que Peter Pan tinha aquella mesma mania de cantar como gallo. Suas duvidas voltaram. Seria elle?