O PÓ DE PIRLIMPIMPIM


I — O BURRO FALANTE



DONA BENTA estava na cozinha, conversando com tia Nastacia.

— Que terá acontecido? dizia ella. Os meninos foram hontem para a cama cedo demais. Vi logo que era signal de grossa travessura para hoje. De manhã, quando me levantei, não vi nenhum. Tinham sumido, sem ao menos tomar café. Por onde andarão os diabretes?

A negra, que estava frigindo uns lambarys, apenas disse:

— Essas creanças fazem coisas da gente se benzer com as mãos ambas. Com certeza foram visitar algum rei, lá na terra das fadas. Mas não se incommode, sinhá. Quando a fome der, largam todos os reis do mundo para virem cor- e olhou.

— Inda é o que vale, concordou dona Benta. A fome é a unica coisa que faz Pedrinho e Narizinho voltarem para casa...

Os meninos ainda não tinham voltado do Paiz das Fa- para a primeira viagem pelo Mundo das Maravilhas.

Isso foi daquella vez em que partiram com o Penninha
rendo atraz destes lambaryzinhos fritos.
bulas. Mas vinham vindo.

O relogio bateu seis horas.

— Tão tarde já, Nastacia! Estou com medo que lhes tenha acontecido qualquer coisa!... disse dona Benta ap-

Minutos depois viu lá longe uma nuvem de poeira.

— Vem vindo um cavalleiro! Ande, Nastacia, você que

A negra veio da cozinha, com a colher de pau na mão, prehensiva, indo postar-se na varanda, de olhos na estrada.
tem melhor vista, venha ver se descobre quem é.