receio.

LUÍS – Todos nós, Carolina, homens ou mulheres, velhos ou moços, todos, sem exceção, temos faltas em nossa vida; todos estamos sujeitos a cometer um erro e a praticar uma ação má. Uns porém cegam-se ao ponto de não verem o caminho que seguem; outros arrependem-se a tempo. Para estes o mal não é senão um exemplo e uma lição; ensina a apreciar a virtude que se desprezou em um momento de desvario. Estes merecem, não só o perdão, porém muitas vezes a admiração que excita a sua coragem.

CAROLINA – Não, Luís; há faltas que a sociedade não perdoa, e que o mundo não esquece nunca. A minha é uma destas.

LUÍS – Está enganada, Carolina. Se uma moça, que levada pelo seu primeiro amor, ignorando o mal, esqueceu um instante os seus deveres, volta arrependida à casa paterna; se encontra no coração de sua mãe, na amizade de seu pai, nas afeições dos seus, a mesma ternura; se ela continua a sua existência doce e tranquila no seio da família; por que a sociedade não lhe perdoará, quando Deus lhe perdoa, dando-lhe a felicidade?

CAROLINA – Nunca ela poderá ser feliz! A sua vida será uma triste expiação.

LUÍS – Ao contrário, será uma regeneração. Em vez dessa paixão criminosa que a roubou a seus pais, ela pode achar no seio da sua família o amor calmo que purifique o passado e lhe faça esquecer a sua falta.

CAROLINA – É verdade