A representação da minha comédia As asas de um anjo acaba de ser proibida pela polícia; e embora ignore os motivos que deram lugar a essa resolução, não posso deixar de discuti-la: é o meu direito de escritor; é o meu dever de autor de uma obra sobre a qual se pretende lançar o anátema.

Cumpre-me porém declarar que recebi a notícia que transmito ao público sem emoção, sem abalo, com a mais profunda indiferença. Em outra circunstância ela me alegraria, como também deviam alegrar-me as censuras e acusações de imoralidade dirigidas contra a comédia; porque tudo isso não terá outro resultado senão excitar a curiosidade pública, e dar a uma composição sem merecimento o estímulo e o sainete do fruto vedado.