LUÍS – Não te é possível então esquecer?
CAROLINA – E de que servia que eu esquecesse? Os outros se lembrariam.
LUÍS – Como estás iludida, Carolina! O mundo é inconstante no seu ódio, como na sua simpatia. Não tem memória e esquece depressa aquilo que um momento o impressionou.
CAROLINA – Com os homens sucede assim! Com a mulher, não; aquela que uma vez errou, nunca mais se reabilita. Embora ela se arrependa; embora pague cada um dos seus momentos de desvario por anos de expiação e de martírio; embora iluminada pelo sofrimento ela compreenda toda a sublimidade da virtude, e aceite como um gozo aquilo que para tantas é apenas um dever, um sacrifício ou um costume!... Nada disto lhe vale! Se ela aparecer o mundo arrancará o véu que cobre o seu passado.
LUÍS – Quando o arrependimento não é sincero, porque então a sociedade é severa.
CAROLINA – Não tem direito de ser! Deve lembrar-se que é a verdadeira causa da alucinação de tantas moças pobres... Porque ao passo que atira a lama ao ente fraco que se deixou iludir, guarda um elogio e um cumprimento para o sedutor.
MENESES – E assim deve ser, Carolina.