ANTÔNIO (erguendo a cabeça.) – Quantos são hoje do mês, Margarida?
MARGARIDA – Pois não sabes? Vinte e seis.
ANTÔNIO (contando pelos dedos.) – Diabo! Ainda faltam quatro dias para acabar! Precisava receber uns cobres que tenho na mão do mestre e só no fim da semana... Que maçada!
MARGARIDA – Não te agonies, homem! o dinheiro que me deste ainda não se acabou; e hoje mesmo aquela moça deve vir buscar os vestidos que mandou fazer por Carolina.
ANTÔNIO – Quanto tem ela de dar?
MARGARIDA – Três vestidos a cinco mil-réis... Faz a conta.
ANTÔNIO (contando pelos dedos.) – Quinze mil-réis, não é?
MARGARIDA – Quinze justos. Já vês que não nos faltará dinheiro; podes dormir descansado que amanhã terás o teu vinho ao almoço.
ANTÔNIO – Ora Deus! Quem te fala agora em vinho? Não é para ti, nem para mim, que preciso de dinheiro. (Margarida acende a vela com fósforos.)