LUÍS – Esse amor que eu confessei era uma mentira.
CAROLINA – Por que confessou então? Quem o obrigou?
LUÍS – Ninguém. Menti por sua causa; para poupar-lhe um desgosto.
CAROLINA – Não o entendo.
LUÍS – Conhece o caráter de seu pai e sabe que quando ele quer as cousas não há vontade que lhe resista. Para tornar de uma vez impossível esse casamento; para que o meu nome não lhe causasse mais tristeza ouvindo-o associado ao título de seu marido; declarei que amava outra mulher: menti.
CAROLINA – E que mal havia nisso? Todos não temos um coração?
LUÍS – É verdade: porém o meu, creio que não foi feito para o amor, e sim para a amizade. As minhas únicas afeições estão concentradas nesta casa; fora dela trabalho; aqui sinto-me viver. Um amor estranho seria como a usurpação dos sentimentos que pertencem aos meus parentes. É por isso que só a sua felicidade me obrigaria a confessar-me ingrato.
CAROLINA – Não sei em que isso podia influir sobre a minha felicidade.
LUÍS – Quando se ama...
CAROLINA – Mas eu não amo. (Com vivacidade.)