Jeronymo entregou-o a Antonio, que o leu de novo, e disse com voz rouca:
— Tens razão; ha.
— Pois bem: quero vingar-me.
— Conta comigo.
— Sim; mas por ora te conservarás de parte.
— Não.
— Eu o exijo.
— Conforme: que vás fazer?....
— Obedecer.
— Jeronymo!
— Farei o que devo: o Vice-Rei me ordena, que me apresente á dar-lhe contas de mim, irei; mas dormir com a suspeita de um crime me é impossivel: amanhã ao meio dia é muito tarde para a minha honra: hei de ir hoje, hei de ir já: não quero desculpar-me ao official da sala, quero queixar-me do Vice-Rei ao Vice-Rei.
— E eu?
— Ficarás aqui, velando por minha familia: se eu não voltar, é que me mandarão pôr á ferros: porque vou fallar portuguez claro, portuguez do bom tempo dos nossos avós, portuguez leal, nobre e sem medo.