— Coragem, Marcos Fulgencio! gritava elle, quando via o carpinteiro passar correndo.
O fogo conquistara todo o tecto da casa.
Marcos Fulgencio não fallava; mas tinha com sublime frieza medido a furia do incendio, e comprehendido o que mais lhe convinha fazer para que fosse menor o seu prejuizo.
Desprendendo um machado, o manejara activamente, despedaçando as portas e janellas para dar livre sahida ao fumo e com audacioso impeto arrojava-se ao interior da casa, ou entrando pelas portas, ou saltando pelas janellas, e logo enegrecido pela fumaça, chamuscado pela flamma, sahia trazendo á cabeça ou nos braços alguns objectos, algum pobre fardo ou traste que salvara.
As caixas de roupa de sua mulher e de sua filha, o bastidor e a róca de Fernanda, e outros objectos forão assim arrancados por elle á completa destruição.
Mas sem duvida o thesouro do carpinteiro devia estar na sala da frente, pois que elle já vinte vezes tentára invadi-la e vinte vezes recuára, rugindo, por não poder assoberbar as linguas de flammas e os vomitos de fumo.
E já duas vezes novas golfadas do sangue ha-