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O conde da Cunha em pé no meio da sala, continuou, fallando grave e solemnemente:

— Começa o novo dia: o de hontem foi de festa e devoção ao santo do céo, e ao nome abençoado de El-Rei meu senhor; o de hoje, que principia agora, não é mais de festa, nem de folguedos; é de justiça, e de castigo aos culpados.

A companhia enregelara-se e tremia diante do despotico Vice-Rei que fallava assim.

— Senhor tenente coronel do regimento novo! bradou sinistro o conde da Cunha, chamando.

O tenente coronel confuso e perturbado aproximou-se do Vice-rei que lhe fallou em voz baixa, e quando acabou de ouvi-lo, avançou triste e compungidamenle para o ajudante official da sala, e diante de toda a assemblea surpreza, disse-lhe:

— Senhor tenente-coronel Alexandre Cardoso de Menezes, entregue-me a sua espada! está prezo por ordem do Senhor Vice-Rei conde da Cunha.

Alexandre Cardoso tremulo e livido desembainhou a espada, entregou-a ao tenente-coronel do regimento novo, e perguntou: