V O PACTO DAS COMUNIDADES NA CIBERCULTURA

"A experiência, acumulada e transmitida por gerações sucessivas, ensinou ao homem que, ao
se unir a outros homens, sua conservação é mais segura e seu bem-estar maior."
A Anarquia, Errico Malatesta

Neste capítulo serão analisados os conceitos que envolvem uma comunidade e como se manifesta um pacto social que permitirá sua perpetuação ou dissolução. Ainda, sendo o ciberespaço um meio potencial para o surgimento de novas faces da esfera pública, com características facilitadoras da participação democrática, se observa o modo como as comunidades que emergem deste ambiente podem formar um arcabouço estrutural para a emancipação social de seus integrantes em uma nova visão de mundo denominada cibercultura.

De acordo com o anarquista Errico Malatesta (2001), "a solidariedade, isto é, a harmonia dos interesses e dos sentimentos, o concurso de cada um ao bem de todos e de todos ao bem de cada um, é o único estado no qual o homem pode explicar sua natureza e atingir o maior desenvolvimento e o maior bem-estar possível." (MALATESTA, 2001, p.39) Para o autor, um mundo ideal deve conjugar a solidariedade nas relações com a liberdade para, portanto, dar fim ao atual processo dialético onde o capital sobrepuja alguns homens em detrimento de outros.

Ainda segundo o autor, tal solidariedade "é objetivo rumo ao qual caminha a evolução humana; é o princípio superior que resolve todos os antagonismos atuais, e faz com que a liberdade de cada um não encontre limite, mas complemento, condições necessárias à sua existência na liberdade dos outros." (MALATESTA, 2001, p.39)

Nesse contexto, de acordo com Bauman (2003), a noção de comunidade remete a uma sensação de bem estar, já que pertencer a uma comunidade ou estar em comunidade transmite uma idéia de proteção. Entretanto, a vida no meio comunitário parece privar o ser humano da