afim de frequentar o curso jurídico, sua vida academica foi um longo delirio infantil, um incessante devaneio poetico. Achava elle então em S. Paulo um círculo numeroso de moços apaixonados pela poesia, no meio dos quaes não podia deixar de dar larga expansão ao seu extraordinario gôsto pelas bellas letras.
A paixão pela poesia e pela litteratura amena distrahia por demais naquella epoca a mocidade academica de seus estudos escolares. Aureliano, Alvares de Azevedo, José Bonifacio, Cardozo de Menezes, Silveira de Souza, Paulo do Valle, Ferreira Torres, Lopes de Araüjo, o Portuguez Agostinho Gonçalves, e varios outros mancebos, entre os quaes se contava tambem o autor destas linhas, eram como um bando de canarios, que perturbavam com seus constantes gorgeios os severos estudos dos alumnos de Themis: eram uma verdadeira Arcadia no seio da Academia.
No meio dessa pleiade de cantores, o guaturamo da Diamantina não podia ficar mudo. Graças á sua facil intelligencia, poucas horas bastavam a Aureliano para desempenhar os seus deveres escolasticos; o resto do tempo dissipava-o elle alegremente em convivencias e palestras, improvisando estrophes fugitivas, ou discutindo litteratura entre seus amigos.
Nas polemicas e certames academicos a palavra lhe borbotava dos labios com uma promptidão e abundancia prodigiosa. Com a mesma facilidade com